Queixa de uma trabalhadora do Continente, revoltante o que ela conta!

Os hipermercados são grandes espaços de venda, e por isso frequentemente são palco de confusões e mal entendidos.

Muitas vezes, os clientes queixam-se de falta de organização e profissionalismo dos empregados, que nem sempre sabem prestar informações.

Nesses hipermercados, como é o caso do Continente, também os empregados apresentam queixas de exploração. Aqui fica o testemunho de uma trabalhadora do Continente, uma cadeia de hipermercados de crescente riqueza:

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“1. Salário

Trabalho 20 horas semanais em troca de 260€ mensais, pouco mais de 3€ por hora, o que é uma vergonha. O facto de um milionário pagar-me esta esmola devia dar pena de prisão efetiva.

  1. Precariedade

Já vou no terceiro contrato de 6 meses e ainda não passei para efetiva. Quando chegar a altura em que poderei finalmente entrar para o quadro, vou ser dispensada como tantas outras. Aqui está a explicação para a quebra brutal na natalidade: ninguém consegue ter filhos com estas condições de trabalho.

  1. Trabalho não remunerado fora do horário de trabalho

Diariamente, trabalho horas extraordinárias gratuitamente, que me são impostas. O meu horário de saída é às 15 horas, mas depois dessa hora, ainda tenho de cumprir diversas tarefas obrigatórias, que demoram entre 15 a 20 minutos por dia, tais como arrumar os cestos das compras, os artigos que os clientes deixam na caixa e guardar o dinheiro no cofre. Já trabalho no Continente há quase ano e meio, e devo ter saído à hora cerca uns 5 dias, no total, e já cheguei a sair uma hora e meia depois das 16h, embora os meus superiores saibam bem que dali ainda vou para outro trabalho, e por isso não me devo atrasar.

  1. Trabalho em dias de folga

A falta de pessoal na loja obrigada aqueles que lá trabalham a trabalhar pelos empregados que fazem falta, concedendo assim todos os meses algumas horas do seu tempo pessoal e de repouso ao patrão, o que o poupa no número de salários a pagar. O pior é que num dia em que eu esteja de folga, posso ser convocada para ir à loja fazer um inventário. Apesar de estar de folga, sou obrigada a ir e só posso faltar caso apresente justificação médica. Como se não bastasse, já cheguei a ser avisada no próprio dia de folga.

  1. Cada segundo de exploração conta

Durante este ano e meio, cheguei uma única vez atrasada 5 minutos, e a minha superior foi logo bruta comigo, gritando comigo e agarrando-me pelo braço, apesar de supostamente existir uma tolerância de 15 minutos. Nunca mais voltei a atrasar-me, mas sair pelo menos 15 minutos mais tarde do que o suposto, é algo que acontece todos os dias.

  1. Formatação do corpo

Quando ao aspeto físico, devemos formatá-lo ao pormenor e gosto sexista do patrão. Na loja onde trabalho, diversas colegas tiveram de retirar os seus piercings e não podem usar nas unhas outra cor que não seja vermelho. Uma delas teve mesmo de mudar de penteado, pois o patrão quer que nos apresentemos como verdadeiras bonecas. Lembra-me o tempo dos escravos, que eram levados para a América, a quem retiravam as suas marcas corporais para poderem ser explorados sem outra identidade que não a de escravos. Basicamente, é tornar os seres humanos em meras mercadorias!

  1. Pausa para comer/ir à casa de banho/descansar é um crime

O pior de tudo é o que se sucede durante o trabalho, pois os meus superiores querem que eu passe as 4 horas sentada a render o máximo possível, e por isso dificultam o mais que podem as minhas pausas. As minhas pausas, para comer qualquer coisa ou simplesmente ir à casa de banho, algo natural e necessário para qualquer ser humano, são legais e demoram imenso a conquistar. A única coisa que me autorizam a levar comigo para a caixa, onde trabalho, é uma garrafa de água previamente selada, e nada mais. Para além disso, tudo o que levar para comer e beber tenho de deixar no Posto de Informações e apenas tenho acesso aos mesmos quando telefono da caixa para lá. Normalmente, no Posto agem como se se tivessem esquecido dos pedidos e passa-se imenso tempo até eu poder finalmente ir comer. Quando, a muito custo, consigo obter autorização para ir comer, pressionam-me para que o faça rapidamente, por isso estou mais habituada a engasgar-me que a mastigar por esta altura. O mesmo acontece com as idas à casa de banho, sempre dificultadas ao máximo.

  1. Gerem-nos como se fossemos animais

Há algum tempo, uma colega sentiu-se mal quando estava na caixa, e teve de pedir imenso para conseguir uma licença para ir à casa de banho. Foi obrigada, como é habitual, a esperar tanto, que quase ia vomitando em frente ao cliente.

Não se calem, e por favor, denunciem todos os abusos nas redes sociais!

Gostava imenso de assinar, mas os 260€ do salário fazem-me muita falta.”

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