Apesar de cada vez mais se verificar um aumento da comunidade chinesa no nosso país, até à data, não há registo da morte de um cidadão chinês a viver em Portugal. Isto tem levantado algumas suspeitas, pelo que se têm feito algumas pesquisas. Os resultados são alarmantes e o mais grave é as autoridades não quererem fazer nada em relação a isto.
Entre 2000 e 2004, não há registo de um único óbito de um cidadão pertencente à comunidade chinesa em Portugal. Pelo menos é o que os registos nos dizem, no entanto a verdade é outra: existem cidadãos chineses a morrer em Portugal, mas com o auxílio da embaixada chinesa, os seus corpos são enviados para a China, sem que as autoridades portuguesas tenham conhecimento. Isto não passa de um esquema que pode promover a imigração ilegal, pois ao não ser registado como falecido, pode-se passar os vistos de trabalho e residência de um cidadão chinês que tenha morrido a outro cidadão interessado. Esta notícia foi revelada na última edição do semanário “Expresso”.
Portanto, segundo os números do Instituto Nacional de Estatística, nesses 5 anos morreram 0 chineses em Portugal. Isto pode ser um paradoxo, pois segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), a comunidade chinesa que vive legalmente em Portugal é superior a 9400 pessoas, enquanto Y Ping Chow, líder da Liga dos Chineses em Portugal, estima que ultrapasse as 15 mil pessoas, podendo mesmo chegar às 17 mil pessoas.
Este dirigente, descente da primeira família chinesa a chegar a Portugal nos anos 30, tentou explicar: “é evidente que os chineses não morrem menos do que os outros cidadãos portugueses”. A verdade é que quando alguém sente os primeiros sinais de uma doença grave, “normalmente viajam para a China, porque é lá que querem morrer”.
Chow esclarece ainda que aqueles que chegaram antes do “boom” da década de 90 já teriam os seus próprios jazigos com eles, “mas é provável que não contem para esses números, por já se tratarem de cidadãos naturalizados portugueses”.
No entanto, isso não justificaria o facto de não existir uma única morte em cinco anos. “Anualmente, é claro que há pessoas que morrem. Algumas vão mesmo parar aos hospitais públicos portugueses. Há até quem seja velado segundo a tradição portuguesa. Muitos deles são cremados e enviados para a China. Noutros casos, as famílias vêm buscá-los”, diz Chow ao “Expresso”, acrescentando ainda que “a maior parcela da nossa comunidade é constituída por jovens. É natural que os jovens morram menos”.
As suspeitas de ilegalidades aumentam quando as mortes são inesperadas. Segundo Chow, através da petição de fundos na comunidade, é contactada a Embaixada da República da China. Aqui é onde se completam os procedimentos invisíveis, seguidos com o envio do corpo numa urna fechada através de um avião.
A verdadeira confusão existe porque os corpos não passam pela autoridade competente para o registo do óbito, o que faz com que não contem para os números oficiais de Portugal. O motivo destes procedimentos ainda se está por descobrir, mas Chow apresenta uma teoria que diz que este processo decorre para, caso o falecido estivesse em situação ilegal, isto pudesse levar a que houvessem buscas e, caso a sua família estivesse ilegal também, levar a que fossem deportados, o que traria um mau nome à China.
O semanário Expresso tentou contactar a Embaixada da China em Portugal, mas estes decidiram não se pronunciar. Tentaram também falar com o SEF, mas, como o registo de óbitos não é algo que lhe compita, estes não tiveram nada a comentar.