Muitas vezes pensamos no que faríamos em caso de urgência, numa situação em não conseguiríamos ligar diretamente para o 112 sem que a pessoa que nos estava a por em perigo percebesse que o estávamos a fazer.
Uma polícia estava de atendimento na linha do 112 quando recebeu uma chamada, que parecia apenas mais uma chamada falsa, mas que acabou por ser algo bastante mais grave. Ela conta o que aconteceu:
“Eu recebi um telefonema, que parecia em todos os aspetos ser uma farsa, mas na verdade era extremamente grave. Eis o diálogo:
– Polícia de Emergência, olá. Onde você está?
– 123 Main Street.
– Está bem. Qual é o seu problema?
– Eu quero encomendar uma pizza, por favor.
– Senhora, você está em diálogo com a polícia.
– Sim, eu sei. Será que poderia ser uma pizza grande, metade com chouriço e outra metade com pimentos e cogumelos?
– Hum, desculpe, mas acho que você não entendeu. Você está ciente de que está a chamar a polícia?
– Sim, você sabe quanto tempo vai demorar a entrega?
– Espere, espere. Está tudo bem? Você tem uma emergência?
– Sim, correto.
– E você não pode falar, porque está alguém ao seu lado?
– Sim, absolutamente. Você sabe quanto tempo vai demorar?
– Eu tenho uma brigada de intervenção a pouco menos de um quilómetro de onde você está. Você tem armas em sua casa?
– Não.
– Você acha que pode ficar no telefone comigo?
– Não. Muito obrigado, até breve!
Depois de verificar o historial da morada, eu percebi que era uma pessoa que já havia lidado com a polícia por casos de violência doméstica.
Os polícias chegaram e encontraram um casal. A mulher apresentava sinais de espancamento e o homem estava bêbado, tendo sido preso depois de a mulher ter dito que o homem tinha como hábito bater-lhe.
Eu achei extremamente corajoso e inteligente da parte dela ter usado esta estratégia para nos contactar sem que o homem conseguisse perceber. Esta é definitivamente uma das mais memoráveis chamadas que eu recebi na minha carreira.
A sensação de alívio que tive quando a vítima se deu conta que eu tinha percebido o que se estava a passar e não a ia ignorar é algo que me faz ter calafrios ainda hoje.”
É de grande inteligência o ato desta mulher, pois se ela tivesse ligado diretamente para o 112 a pedir ajuda, provavelmente o homem teria perdido a cabeça e o caso teria sido ainda pior.